O Início de uma Missão
Ashbel Green Simonton nasceu em 20 de janeiro de 1833, em West Hanover, Pensilvânia, Estados Unidos. Descendente de uma família presbiteriana escocesa-irlandesa, Simonton formou-se no College of New Jersey (atual Universidade de Princeton) em 1852 e ingressou no Seminário Teológico de Princeton em 1855, após uma profunda experiência de conversão.
Embora inicialmente considerasse trabalhar como missionário na China, Simonton sentiu-se chamado para o Brasil, um país predominantemente católico que começava a se abrir para a imigração e influências estrangeiras. Ele foi ordenado pastor em 14 de abril de 1859 e embarcou para o Brasil em 18 de junho do mesmo ano.
Em 12 de agosto de 1859, Simonton chegou ao Rio de Janeiro, marcando o início da obra presbiteriana oficialmente reconhecida no Brasil. Seu desembarque deu-se em um contexto histórico específico, quando o Império do Brasil, sob Dom Pedro II, começava a se abrir para novas ideias e a liberdade religiosa gradualmente ganhava espaço.
Principais Realizações
Primeiro Culto Presbiteriano
12 de maio de 1861
Após aprender português e fazer contatos iniciais, Simonton realizou o primeiro culto protestante presbiteriano oficial no Brasil, em uma sala alugada no Rio de Janeiro.
Fundação da Primeira Igreja
12 de janeiro de 1862
Organizou a Primeira Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, a primeira igreja presbiteriana do Brasil, com um pequeno grupo inicial de convertidos.
Imprensa Protestante
1864
Fundou o jornal "Imprensa Evangélica", primeiro periódico protestante do Brasil, importante instrumento para a divulgação da fé reformada e para a alfabetização.
Seminário Teológico
1867
Estabeleceu o primeiro seminário teológico protestante do Brasil, formando os primeiros pastores brasileiros, incluindo José Manoel da Conceição, primeiro pastor presbiteriano brasileiro.
Legado e Influência
Fortalecimento do Presbiterianismo
1860-1867
Durante seus oito anos de ministério no Brasil, Simonton estabeleceu as bases do presbiterianismo brasileiro, que se tornaria uma das principais denominações protestantes do país.
Contribuição para a Educação
1860-1867
Simonton e os missionários que o seguiram enfatizaram a educação como ferramenta de evangelização, estabelecendo escolas que mais tarde se tornariam importantes instituições educacionais no Brasil.
Formação do Presbitério
Dezembro de 1865
Organizou o primeiro Presbitério do Brasil, unindo as igrejas presbiterianas então existentes e estabelecendo as bases para a futura Igreja Presbiteriana do Brasil.
Escritos e Publicações
Diário Pessoal
1859-1867
Seu diário pessoal, publicado após sua morte, oferece uma visão íntima de suas experiências, desafios e reflexões durante seu trabalho missionário no Brasil.
Artigos na Imprensa Evangélica
1864-1867
Publicou numerosos artigos explicando a fé reformada, rebatendo críticas e incentivando o estudo bíblico entre os brasileiros.
Sermões e Exposições Bíblicas
1861-1867
Seus sermões, alguns dos quais preservados, demonstram sua habilidade de comunicar conceitos teológicos complexos de maneira acessível à cultura brasileira.
Correspondências Missionárias
1859-1867
Suas cartas para a Junta de Missões nos EUA constituem importante fonte histórica sobre o Brasil imperial e os primórdios do protestantismo no país.
Vida Pessoal e Falecimento
Em 1863, Simonton retornou brevemente aos Estados Unidos, onde se casou com Helen Murdoch. O casal voltou ao Brasil, mas tragicamente, Helen faleceu em 1864 durante o parto de sua filha, chamada Helen. Este foi um golpe devastador para Simonton, que continuou seu trabalho enquanto enfrentava o luto.
Apesar das dificuldades pessoais, Simonton dedicou-se incansavelmente à sua missão. No entanto, sua saúde foi severamente afetada pelas condições tropicais e pelo trabalho exaustivo. Em dezembro de 1867, aos 34 anos, Simonton contraiu febre amarela e faleceu em São Paulo, onde foi sepultado.
Sua vida breve, mas extraordinariamente produtiva, deixou marcas profundas na história religiosa do Brasil. Sua filha Helen foi criada pelos tios nos Estados Unidos e nunca retornou ao Brasil, mas o legado de seu pai continua vivo nas inúmeras igrejas presbiterianas espalhadas pelo território brasileiro.
